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Termo grego para virtuosismos exagerados de linguagem. Pode funcionar como mala afectatio (ou “mal-entendido”), quando um interlocutor tenta exibir um conhecimento superior da língua que fala introduzindo no discurso palavras supostamente eruditas ou estrangeirismos que, na verdade, não se adaptam ao contexto ou são mesmo incorrectas. Por exemplo, é vulgar a má aplicação de termos como timing (sincronização, ajustamento do tempo) e nuance (matiz, grau ou cambiante de cores). As licenças poética e prosaica levam a que os melhores escritores de língua portuguesa possam cair no pecado do cacozelon sem que ninguém, compreensivelmente, ouse apontar-lhes um dedo acusador. É o caso de Eça de Queirós, por exemplo, que, embora crítico dos abusos de estrangeirismos, não resiste a construções pleonásticas com galicismos que podem entrar na categoria de cacozelon, como nesta frase de O Conde de Abranhos: “Eu pude reconstituir em todos os detalhes os pormenores dessa noite histórica.” (o galicismo “detalhe” é sinónimo de “pormenor”).