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Subcategoria do conceito mais vasto de transtextualidade, proposto por G. Genette, que respeita a um dos espaços particulares de relação transtextual: o conjunto das categorias gerais que determinam a especificidade de um texto singular. Essas categorias apontam para aquilo que transcende o texto, abrindo a possibilidade de especulação sobre as suas conceptualizações. Para além das categorias retóricas e narratológicas, a especulação teórica sobre os modos e os géneros literários é um dos domínios privilegiados da arquitextualidade. Esta não é invenção das modernas teorias literárias, porque desde os tratados de Platão e Aristóteles que se procura encontrar um certo número de propriedades capazes de catalogar o universo dos textos. A arquitextualidade é, para Genette, o verdadeiro objecto da poética.

Não se afastando ainda do rumo geral do estruturalismo literário, que procurava encontrar propriedades formais pré-definidas que sirvissem todos os textos, o conceito genettiano de arquitextualidade e seus correlatos não encontraram aceitação no quadro da crítica pós-estruturalista, que não se cansa de afirmar precisamente o contrário: a impossibilidade de pré-fixar qualquer propriedade para a totalidade dos textos. As prescrições arquitextuais não servem, por exemplo, todas as formas de anti-literatura, que escapam, propositadamente, a quaisquer catalogações.

 

Bibliografia:

 

Carlos Reis: “Texto literário e arquitextualidade”, in O Conhecimento da Literatura: Introdução aos Estudos Literários (1995); Gérard Genette: Introdução ao Arquitexto (Lisboa, 1986; 1ªed., Paris, 1979); id.: Palimpsestes: La littérature au second degré (1982); Shlomith Rimmon-Kenan: Narrative Fiction: Contemporary Poetics (1983).