Select Page
A B C D É F G H Í J K L M N O P Q R S T Ü V W Z

(Do gr. metáphrasis, “tradução”, pelo lat. metaphràse-, “metáfrase”) Tradução interpretativa de um texto, sem prestar muita atenção à forma original do texto traduzido. É sinónimo de paráfrase, por significar também explicitação de texto. Ambas as figuras são muito utilizadas sempre que necessitamos de dar uma definição difícil, explicar uma teoria complexa ou esclarecer um passo textual de complexa interpretação. A escolha de palavras e relação de ideias deve ser feita de forma a simplificar a mensagem e torná-la compreendida eficazmente pelo ouvinte ou destinatário da explicitação. A única diferença substancial entre uma metáfrase e uma paráfrase é a sua extensão: a primeira exige uma redução do discurso ou contracção do texto metafraseado; a segunda amplifica o texto parafraseado. Atente-se no seguinte excerto de uma prefácio escrito por Eça de Queirós sobre a poesia do Parnasso: “Diz-se logo: – «Pobreza de poesia, disfarçada sob a riqueza da forma.» Não. A poesia lá estaria, e genuína, nascendo da sensibilidade moça. Somente foi toda diluída em literatura. Esta é, se me não engano, a explicação do parnasianismo, cuja prática consiste em nunca chamar a um «gato» singelamente um «gato», como era o ideal de Boileau – mas pelo contrário em exprimir as coisas ou as sensações mais simples numa forma que seja, como um dos parnasianos ensinou, «rutilante de inauditismo». Duas palavras que constituem toda uma poética.” (Prefácio de “Aquarelas” de João Dinis, in Notas Contemporâneas, fixação do texto e notas de Helena Cidade Moura, Edição “Livros do Brasil”, Lisboa s/d [1970]). A expressão que Eça escolhe para sintetizar o parnasianismo (“rutilante de inauditismo”) funciona aqui como metáfrase; a expressão “Pobreza de poesia, disfarçada sob a riqueza da forma” é uma paráfrase, combinada com alguma ironia, de uma definição convencional de poesia parnasiana.