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[Termo grego que provém de ana– contra e chronostempo]. Refere-se às alterações entre a ordem dos eventos da história e a ordem em que são apresentados no discurso. Assim, o narrador pode antecipar acontecimentos ou informações (prolepse) ou recuar no tempo (analepse). O uso de anacronias pode ter vários motivos, como por exemplo a caracterização retrospectiva de personagens, a reintegração de acontecimentos que não foram focados no devido tempo ou manter a expectativa do leitor ao fornecer informações antecipadas.

Quando nos referimos a anacronias, devemos ter em conta a sua amplitude (dimensão da história coberta pela anacronia) e alcance (distância no tempo a que se projecta a anacronia – horas, meses, séculos).

As anacronias podem ser externas se a sua amplitude começa e acaba antes do início da diegese da narrativa primária (narrativa a partir da qual as anacronias se definem como tal); internas se a amplitude começa depois do início da diegese da narrativa primária; mistas se a amplitude começa antes do início da diegese da narrativa primária e termina depois dele. As anacronias internas podem ser heterodiegéticas quando se referem a uma personagem ou acontecimento que não figura na narrativa primária, ou homodiegética quando figura.

Exemplo de uma obra que contém anacronias é A Sibila (1954) de Agustina Bessa Luís. A narração começa depois da morte de Quina e há um recuo no tempo para contar a sua história, que está repleta de avanços e recuos na ordem dos eventos da história.

 

Bibliografia:

 

Gérard Genette: Discurso da Narrativa (1979); Gérard Genette: Figures III (1972); Giovanni Bogliolo (ed.), Anacronie: Studi sulla nozione di tempo nel romanzo francese del Novecento (1989); P. Michael Wetherrill: “Míntroduire dans ton histoire: Anachronies et anachronie du texte narratif: Balzac, Baudelaire, Flaubert, Zola”, Zeitschrift fur franzosische Sprache und Literatur (Estugarda), nº 103/3, (1993).