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Conceito da sociocrítica e da semiótica textual que traduz o nível de preparação do leitor/falante/ouvinte perante o texto, para além do conhecimento imediato do código linguístico. As operações que realizamos perante um texto – distinguir entre texto e não-texto, distinguir diferentes tipos de texto, fazer a paráfrase de um texto, fazer o resumo de um texto, etc. – resultam da competência que exibimos para o compreendermos. Do ponto de vista da estética da recepção, entende-se que o leitor interiorizou um determinado conjunto de regras que lhe permite produzir, explicar e compreender qualquer texto. Uma estética da recepção não colocará limites a este conhecimento apriorístico do leitor, mas entender-se-á sempre que a leitura dos textos, e em particular dos textos literários, exige uma competência específica, não universal, não partilhada por todos os falantes/ouvintes, e susceptível de ser treinada e aperfeiçoada.

É possível desdobrar a competência textual em subgéneros como competência narrativa, competência dramática e competência poética, mas, na prática, não se altera o conceito original. As competências narrativa, poética ou dramática possuem a mesma natureza e as mesmas condições de realização da competência textual, apenas se diferenciando pelo tipo de objecto produzido, pelo que as podemos considerar conceitos inconsequentes. O que se disser para cada uma delas terá que vir da fundamentação geral da competência textual: se a competência narrativa é a capacidade intuitiva para produzir textos narrativos (cf. T. A. van Dijk, 1972), é exactamente a mesma coisa que dizer que a competência textual é a capacidade intuitiva para produzir textos, incluindo os narrativos.

bibliografia

Enrique Bernárdez: Introdución a la linguistica del texto (1982); L. L. Fávero e I. V. Koch: Linguística Textual (São Paulo, 1983); R. de Beaugrande e M. U. Dressler: Einführung in die Textlinguistik (1981); T. A. van Dijk: Some Aspects of Text Grammars: A Study in Theoritical Linguistics and Poetics (1972); Vítor Manuel de Aguiar e Silva: Competência Linguística e Competência Literária – Sobre a Possibilidade de uma Poética Gerativa (1977).