1. Termo inglês que significa, literalmente, “dobradiça”; em sentido figurado, é sinónimo de turning point, ou momento fulcral de uma história narrada, quando se dá uma mudança importante no rumo dos acontecimentos. Neste sentido, em termos exclusivamente narratológicos, hinge-points são momentos nucleares da narrativa, em tudo equivalente ao conceito de nuclei que Roland Barthes apresenta em Introdução à Análise Estrutural da Narrativa. Assim devemos também entender o termo inglês, consagrado nas traduções teóricas sobre narratologia, por exemplo, em Clemens Lugowski, que define hinge como “a crucial point in the action” (Die Form der Individualität im Roman, 1976; Form, Individuality and the Novel: An Analysis of Narrative Structure in Early German Prose, University of Oklahoma Press, Norman e Londres, 1990, p.56).
2. Em Narratology: Introduction to the Theory of Narrative (1985), Mieke Bal utiliza o termo com maior precisão, resguardando-o no campo da focalização narrativa para aqueles casos em que numa narrativa se descobrem momentos de duplo sentido ou sentido ambíguo. Neste caso, hinge é definido como: “a fragment with a double, or at any rate ambiguous, focalization in between two levels. It is also possible to distinguish between double focalization, which can be represented as EF1+CF2, and ambiguous focalization, in which it is hard to decide who focalizes: EF1/CF2. In h this difference cannot be established.” (Bal: 1985, p.114).
3. Termo da teoria literária que tem servido para traduzir para inglês o conceito desconstrucionista de brisure. Maud Ellmann sugere correctamente que se traduza brisure por cleavage, o que em português daria “clivagem” — também nos parece melhor tradução do que hinge, que deve ser reservado para os contextos narratológicos.
Mieke Bal: Narratology: Introduction to the Theory of Narrative (1985); Paul Surgi Speck: “Bricolage, Analogies and Hinges: Order in the Recombinant Universe of Tristram Shandy”, South Central Review: The Journal of the South Central Modern Language Association, 2, 4 (1985).
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