Select Page
A B C D É F G H Í J K L M N O P Q R S T Ü V W Z

Expressão que se vem difundindo a partir da língua inglesa, juntamente com a sua correlata teoria crítica (esta última, por sinal, não se deve confundir com a expressão alemã Kritisch Theorie, utilizada como designação geral dos trabalhos de sociologia e filosofia da chamada escola de Frankfurt). Partilha-se assim a área do criticism em dois setores, que se propõem como disciplinas distintas e interligadas: a teoria crítica (critical theory) sistematiza um saber geral sobre a literatura, enquanto a crítica prática (practical criticism) consiste na aplicação desse saber à análise de obras específicas. Segundo essa perspectiva, crítica prática é termo equivalente a análise, crítica (no sentido de estudo de certa obra em particular) e leitura (ou leitura analítica).

Se quisermos agora especular sobre o enraizamento da expressão no espaço acadêmico anglo-norte-americano, parece razoável vincular sua difusão ao prestígio de I. A. Richards, que em 1929 publicou um livro intitulado precisamente Practical criticism (recém-traduzido — 1997 — com o título A prática da crítica literária). Pode-se ainda fazer uma associação entre as raízes inglesas do termo e uma das idéias centrais do new criticism — corrente dos estudos literários tão representativa do mundo anglófono na primeira metade do século XIX, e de que, aliás, I. A. Richards constitui uma das fontes — , segundo a qual a consideração analítica de textos particulares — isto é, a crítica prática — deve ter precedência sobre a teoria crítica, na medida em que esta não passaria de generalizações obtidas por indução a partir do exercício daquela. É possível, por fim, ampliando o âmbito da especulação, entreouvir na expressão crítica prática alguma ressonância do pragmatismo, concebido não propriamente como sistema filosófico especificável, mas, latissimo sensu, como uma espécie de a ent que trai sua feição anglo-norte-americana.

bibliografia

Catherine Belsey: Critical practice (1980); David Daiches: “The new criticism”, in A time of harvest; American literature 1910-1960 (New York, 1962). p. 95-110; I.A. Richards: A prática da crítica literária (São Paulo, 1997); José Ferrater Mora: “Pragmatismo”, In: —. Diccionario de filosofía, vol. 2 (Buenos Aires, 1971). p. 464-6; M.H. Abrams: “What’s the use of theorizing about the arts?”, in In search of literary theory. (Ithaca/London, 1972). p. 3-54; Massaud Moisés: “Crítica”, In: —. Dicionário de termos literários (São Paulo, 1978). p. 113-31; René Wellek & Austin Warren: “Teoria literária, criticismo literário e história literária”, In: —. Teoria da literatura (Lisboa, 1962). p. 47-55; René Wellek: “Teoria, crítica e história”, In: —. Conceitos de crítica (São Paulo, s. d.). p. 13-38;  ——. “Termo e conceito de crítica literária”, In: —. Conceitos de crítica (São Paulo, s. d.). p. 29-41;  ——. “Poetics, interpretation, and criticism”, In: —. The attack on literature and other essays. Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 1982. p. 33-47; Robert Petsch: “El análisis de la obra literaria”, In: Ermatinger, E. et alii. Filosofía da la ciencia literaria (México, 1946). p. 251-92; Wolfgang Kayser: Análise e interpretação da obra literária, 2 vols (Coimbra, 1968);