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Do latim indicĭum, termo que significa informação, denúncia, revelação, prova, sinal ou vestígio. Um indício é algo que insinua qualquer facto ou evento, sem o desvendar na totalidade. Também podemos encontrar o termo índice.

No âmbito da semiologia, um índice é um dos três níveis do signo identificados por Pierce. Entende-se por ícone algo que apresenta as mesmas características que o objecto; por símbolo, o que obedece a uma convenção; por índice, aquilo que mantém uma relação de contiguidade entre o signo e o objecto. Desta forma, o apito de um comboio constitui-se como índice da sua aproximação ou passagem.

Numa outra perspectiva, uma distinção opõe índice a sinal. O primeiro afasta-se do segundo pela ausência de intenção comunicativa que o caracteriza. De acordo com Prieto (1968), um índice é "um facto imediatamente perceptível que nos dá a conhecer qualquer coisa a propósito de um outro que não é imediatamente perceptível". Por sua vez, um sinal é um "facto produzido artificialmente para servir de índice."

Termo proposto por Roland Barthes (1966) para designar todo e qualquer elemento ou conjunto de elementos de várias ordens que insinuam acções, ambientes ou filosofias. Partindo da oposição que Tomachevski estabelece entre motivos associados e motivos livres, Barthes vai falar de funções distribucionais e funções integrativas ou indícios, constituindo-se as primeiras como unidades fulcrais da narrativa e os segundos como unidades que se prendem com o significado. As funções distribucionais podem ser classificadas em funções cardinais (núcleos) e em catálises (de carácter completivo). Relativamente às integrativas, a distinção faz-se entre informantes (quando fornecem coordenadas espácio-temporais) e indícios propriamente ditos. Estes últimos não se sucedem de forma linear, nem são, pois, fundamentais para o encadeamento das funções cardinais que, no entanto e por vezes, podem mesmo assumir um carácter indicial. Para Barthes, a par das catálises e dos informantes, os indícios são alargamentos das funções cardinais. Por exemplo, o desfecho trágico do conto O Tesouro vai sendo anunciado de forma subtil através do recurso aos indícios. Uma dessas marcas é a passagem de um bando de corvos imediatamente antes da concretização do crime planeado por Rui e Rostabal contra seu irmão Guanes, bem como a canção que Guanes trauteava momentos antes de ser morto: "Olé! Olé! / Sale la cruz de la iglesia, / Vestida de negro luto…" (O Tesouro, Eça de Queirós).

Enquanto unidades narrativas que se constituem como princípio de prova justificativa de algo, a interpretação dos indícios é dependente do entendimento global da obra que os encerra, uma vez que os significados não são explicitamente declarados. Despertam a atenção do leitor experiente, tal como acontece em O Tesouro, e abrem-lhe o caminho para o desenlace da acção. A soma de atitudes, acções, objectos, palavras, sons (entre outros) pode funcionar como linha orientadora da resolução de problemas ou enigmas. É o que encontramos também no romance policial.

{bibliografia}

B. Tomachevski,

"Thématique"(1966),
in

Théorie de la Littérature;

David Crystal, The Cambridge Encyclopedia of Language(1987);
Prieto,

Sémiologie,
in Le Langage, "La Pléiade"(1968);
R. Barthes, "Introduction à l’analyse structurale des récits",
in Communications, 8 (1966);

Wallace Martin; Recent Theories of Narrative(1994).

http://pespmc1.vub.ac.be/SEMIOTER.html

http://www.ic.arizona.edu/~comm300/mary/semiotics/barthes.terms.html

http://www.marxists.org/reference/subject/philosophy/works/fr/barthes/htm

http://www.uvm.edu/~tstreete/semiotics_and_ads/terminology/html